Mário Quintana é sempre um carinho.
Sou apaixonada pelo seu trabalho, adoro especialmente o seu Auto Retrato em forma de poesia, em que ele "pinta".
Pintar, esculpir são práticas das artes plásticas, do artesanato, bom... de qualquer forma da minha área.
E ele “pinta”, pinta com palavras o seu retrato, um retrato que transcende a forma material.
Retrata o seu estado de espírito.
Então... eu me atrevi. Com maior respeito e reverência, pintei a sua poesia, como um pouquinho de mim.
O Auto-Retrato
Mário Quintana
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
Ilustrações - Cristine Weck, 2007
Técnica: tecido voil e aquarela silk nas técnicas do sal, guta, molde vazado e carimbo.
Técnica: tecido voil e aquarela silk nas técnicas do sal, guta, molde vazado e carimbo.
Mário Quintana
Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Nasceu em Alegrete, (RS), na noite de 30 de julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre (RS), em 5 de maio de 1994.
Auto Retrato é um gênero na arte, “muitas vezes é definido em História da Arte, como um retrato (imagem, representação), que o artista faz de si mesmo, independente do suporte escolhido.”¹
“A produção de auto-retratos segue o desenvolvimento do retrato, gênero que se afirma de modo autônomo no século XIV e, a partir de então, passa a ocupar lugar destacado na arte européia, atravessando diferentes escolas e estilos artísticos. A difusão da retratística acompanha os anseios da corte e da burguesia urbana de projetar suas imagens na vida pública e privada. Paralelamente aos retratos realizados sob encomenda, e a outros concebidos com amigos e familiares, os artistas produzem uma profusão de auto-retratos, que funcionam como meio de exercitar o estilo, como instrumento de sondagem de estados de espírito e também como recurso para a tematização do ofício.”²
2 www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=897
http://marioquintana.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário